Villa do Bem

Muito se fala por ai sobre meditação. Uns afirmam que ela é uma religião, outros dizem que é apenas uma prática espiritual, outros que meditação é uma forma de exercitar a mente para controlar seus pensamentos, e por ai vai.A minha experiência pessoal me faz entender que a meditação é um estilo de vida, é a forma como me relaciono comigo e com o mundo.

Osho, um guru, mestre e guia, fundador de um movimento espiritual indiano, tem muitas definições para meditação. Uma das minhas preferidas é:

A meditação é uma maneira de ir para dentro de si mesmo, de perceber que você não é o corpo e você não é a mente.
É um modo de fixar em nós mesmos, no mais profundo centro do nosso ser; e uma vez que você encontrou o seu centro, você terá encontrado tanto suas raízes quanto suas asas.

Afinal de contas, dadas as suas devidas particularidades, conheça o que é mito e o que é verdade sobre a meditação!

Só há uma forma de meditação. MITO

“Geralmente é uma surpresa para as pessoas descobrir que há muitas formas diferentes de meditar, com propósitos extremamente variados”, diz o consultor e escritor Ken O”Donnel, australiano radicado no Brasil desde 1979 e diretor para a América do Sul da ONG Brahma Kumaris. Explicando que a maioria teve sua origem nas tradições religiosas – como a zen, que veio da meditação budista. “Praticamente todas incluem os fundamentos de reflexão e o uso da mente para criar estado de quietude e senso de bem-estar”. Elas podem ser empregadas para promover o relaxamento, desenvolver a força vital, emergir virtudes como a compaixão e a tolerância e incrementar o poder de concentração. “Trata-se de uma ferramenta excelente de autotransformação, influenciando inclusive aspectos bem arraigados de caráter, que poucas terapias conseguem modificar.”

Quem medita lida melhor com o estresse. VERDADE

Embora a meditação exista há milhares de anos, sendo desenvolvida em uma época em que a palavra estresse nem existia, sem dúvida a prática tem um efeito imediato em reduzi-lo. “Isso acontece porque uma das metas da maioria das formas de meditação é baixar a quantidade de pensamentos inúteis ou negativos”, destaca Ken O”Donnel. Ele diz que para entender como este mecanismo funciona é preciso ter em mente que o estresse é definido como a incapacidade de lidar com aquilo que acontece à nossa volta.

O recurso aumenta as defesas do organismo. VERDADE

Segundo estudo realizado pela Universidade da Califórnia (EUA), quem medita tem as defesas do corpo ampliadas porque, durante a prática, a enzima telomerase, ligada ao sistema imunológico e responsável por promover a longevidade nas células, é favorecida por uma ação intensificada. Ocorre, ainda, menos gasto de oxigênio pelas células, reduzindo a frequência cardíaca. A pesquisa analisou 60 pessoas, durante três meses, metade fazendo meditação e a outra metade não. As taxas de telomerase ficaram 30% mais elevadas no primeiro grupo, beneficiado por aumento na capacidade psíquica, melhora na percepção de controle e atenção e diminuição da neurose e de emoções negativas.

A meditação é capaz de aumentar a capacidade psíquica. VERDADE

De acordo com pesquisadores da Universidade de Pensilvânia (EUA), a ação aumenta a atividade na região frontal do cérebro, responsável pela concentração, abstração e atenção. “Há 1.440 minutos em 24 horas. Se descansamos diariamente 440 minutos (em torno de 7h30min), sobram 1.000 minutos para as atividades da vida. Uma mente fragmentada é capaz de produzir algo a cada dois segundos – pensamentos, sensações, sentimentos, recordações, fantasias. Isso dá 30.000 pedacinhos por dia – a maioria, improdutivos. Estudos mostram que a atividade mental cansa mais do que a atividade física. Um dia de preocupação é mais exaustivo do que um dia de passeio, por exemplo. O primeiro impacto da meditação é reduzir este número de pedacinhos: com uma mente livre, a percepção aumenta e é possível fazer melhores escolhas, pois há muito mais organização mental. Em resumo, o futuro se torna mais claro”, analisa Ken O”Donnel, senior fellow com a Oxford Leadership Academy (Inglaterra), que trouxe a filosofia da meditação “Raja Yoga” para o Brasil. “Já foi comprovado cientificamente que novas sinapses são criadas no cérebro, ativando áreas e proporcionando o desenvolvimento de habilidades e talentos”, complementa Paulo Sérgio Oliveirah, pós-graduado em Psicologia Transpessoal, consultor e psicoterapeuta.

Alterações fisiológicas ocorrem no organismo com a meditação. VERDADE

No cérebro se dá a ampliação das ondas cerebrais relacionadas ao relaxamento. Há, ainda, redução do metabolismo e desaceleração do funcionamento do corpo, com menos gasto de oxigênio pelas células, queda da frequência cardíaca e diminuição da condutância (capacidade que um meio tem de conduzir eletricidade) elétrica da pele. “Tudo isso tem um efeito positivo cardiovascular”, salienta O”Donnel, acrescentando que a meditação transcendental incrementa as áreas do córtex cerebral que participam de informações específicas e favorece a percepção funcional entre os dois hemisférios. “Os níveis mais baixos das frequências cardíaca e respiratória levam a maior estabilidade do sistema nervoso autônomo, o que permite respostas reflexas (reação corporal imediata à estimulação) mais rápidas”. E isso sem falar no aumento da concentração dos neurotransmissores dopamina, norepinefrina e serotonina, dando maior sensação de prazer, motivação e energia.

A meditação traz bem-estar, mas não tem influência sobre a saúde propriamente dita. MITO

Pesquisadores da Harvard Medical School (EUA) descobriram que, em praticantes de longa data de meditação e ioga, mais genes de combate à doenças estavam ativos, em comparação com aqueles que não faziam nenhum tipo de relaxamento. “Especificamente, encontraram genes que protegem contra a dor, a infertilidade, a pressão sanguínea elevada e a artrite reumatoide“, considera Ken O”Donnel. Outro estudo, feito durante três anos com mais de 500 pacientes com problemas cardíacos no Hospital Global da Brahma Kumaris em Mount Abu, Índia, mostrou que o tripé meditação, dieta vegetariana e exercícios trouxe vários benefícios: melhoria nos sintomas de angina, falta de ar e palpitações, favorecimento de parâmetros psicológicos, redução de drogas necessárias para gestão de angina, hipertensão e diabetes e abertura significativa dos bloqueios coronários. “A prática leva a mais estado de presença (estar no presente), menos ansiedade (não se preocupar com o futuro) e diminuição da culpa (permanecer no passado)“, completa o psicoterapeuta Paulo Sérgio Oliveirah, professor de “hatha”, “raja” ioga e iogaterapia. Além de retardar o envelhecimento, a atividade garante qualidade de vida à portadores de enfermidades graves e auxilia na redução do consumo de cigarro, álcool e outras drogas.

A meditação beneficia quem tem câncer. VERDADE

Comparada aos efeitos produzidos apenas por medicamentos, a meditação transcendental diminuiu em 49% as mortes por câncer, em 30% as decorrentes de problemas cardiovasculares e em 23% as provocadas por doenças em geral. O estudo, publicado no periódico American Journal of Cardiology, durou 18 anos e foi feito com 202 homens e mulheres idosos e hipertensos que se dedicaram à prática DUAS VEZES POR DIA, DURANTE 20 MINUTOS. “Já está mais do que comprovado que a meditação reflete diretamente na melhoria da saúde como um todo”, alega Paulo Sérgio Oliveirah, pós-graduado em psicologia transpessoal.

A meditação transcendental é a mais recomendada. MITO

“Não há um tipo mais recomendado”, replica Paolo Sérgio, acrescentando que, para quem está começando, é interessante escolher as mais rápidas e simples, “para depois procurar aquela com que mais se identifica”. Ken O”Donnel concorda e esclarece que a transcendental se refere a uma forma específica com mantras (frases sagradas) que, por ser muito difundida, tem seus efeitos mais pesquisados. “Ela foi introduzida na Índia nos anos 50 e, no ocidente, a partir dos anos 60. Mas todos os tipos de meditação trazem benefícios porque diminuem a carga de pensamentos de ansiedade e tristeza e melhoram a atividade mental, sendo muitas as possibilidades”. Importante: antes de optar por esta ou aquela corrente, é importante saber o que se busca e, claro, se dedicar à prática de maneira regular. Isso significa pelo menos duas sessões diárias, de 15 a 20 minutos.

A prática tem poder para curar todos os males. MITO

Feita de forma séria e regular, pode ajudar a reduzir e eliminar doenças, mas não é capaz de curar todos os males. “Qualquer enfermidade ou mal-estar tem várias influências – hereditariedade, meio ambiente, predisposição psicológica, tipo de trabalho e alimentação, rotina de exercício físico. Há causas espirituais, fisiológicas e emocionais em toda perda de um estado saudável. Por isso, o máximo que se pode dizer é que a meditação bem realizada reduz a ansiedade e o sofrimento que afetam os diversos sistemas do corpo – imunológico, endócrino, nervoso e muscular. As razões entre a quantidade de pensamentos e a saúde do organismo é bem documentada. Se, pela meditação, a pessoa é capaz de melhorar sua forma de pensar, isso traz benefícios enormes para a saúde“, reflete O”Donnel.

Um dos maiores benefícios é diminuir o estresse. VERDADE

Especialmente se pensarmos que na origem de grande parte dos distúrbios está o problema. Tal desequilíbrio do sistema nervoso afeta a parte hormonal, por exemplo, inflamando as artérias – o que leva à hipertensão e pode resultar em derrames e ataques cardíacos. A meditação transcendental, objeto de muitos estudos, contribuiria para evitar o acúmulo de placas gordurosas nas artérias do coração, evitando a aterosclerose. “O melhor caminho para curar o estresse é a meditação“, resume o psicoterapeuta Paulo Sérgio.

Em alguns casos, a meditação pode substituir medicações. VERDADE

“Se o indivíduo sente bem-estar, certamente recorrerá menos a remédios. Mas é importante deixar claro que a prática deve ser vista como auxiliar no tratamento. Para quem tem doenças físicas ou psíquicas sérias, é imprescindível continuar com as medicações prescritas”, adverte Ken O”Donnel, consultor e escritor.

“Quem canta, seus males espanta”; quem medita, também. VERDADE

A ideia de que atraímos o que somos não é algo novo. “Um exemplo é o respeito a si próprio: o estado de bem-estar que a meditação traz tende a gerar este senso de forma muito forte. A autoconfiança origina, então, confiança, favorecendo relacionamentos mais honestos“, reflete o diretor da Brahma Kumaris. O professor e psicoterapeuta Paulo Sérgio complementa com uma brincadeira: “Se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come. Mas, se medita, o bicho some – ou vira apenas um bichinho de estimação. Acho que a ideia ajuda a explicar o que é a meditação“.

Gratidão, e OM SHANTI.

Equipe Villa do Bem


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